domingo, 30 de maio de 2010

Loeb que se cuide...














Jornada memorável faz de Ogier “o novo rival”!

Portugal ficará para sempre marcado na carreira de Sebastien Ogier como o palco onde se deu a primeira vitória de mais um pequeno gaulês que tem tudo para se impor nos ralis mundiais.

Ogier já tinha mostrado de que fibra era feito e depois de perder ingloriamente nas últimas curvas da Nova Zelândia já se sabia que mais dia, menos dia soaria a sua hora. E esta não foi uma vitória qualquer porque foi tirada “no braço” com um tal de Loeb a servir de adversário…

O campeão do mundo deu tudo o que tinha para dar na tentativa de reverter o cronómetro a seu favor mas deparou-se com uma oposição fantástica de um Ogier motivado, inspirado e muito seguro de si. No início do dia, havia 21,1 segundos de diferença entre os dois Sebastiens e Loeb entrou ao ataque reduzindo em 6,2 segundos a vantagem do homem do Junior Team.

Na especial seguinte, Loulé 1, ganha mais 4,8 segundos, assegurando que tinha vindo nos limites durante todo o troço. Ogier, pelo seu lado, confidenciava que não tinha vindo em máximo ataque porque, antes de mais era obrigatório chegar ao fim! Havia agora 10,1 segundos entre os dois. Dito de outra maneira, Loeb tinha reduzido para metade a diferença inicial quando ainda faltava uma ronde pelas mesmas classificativas mais a Super Especial do Estádio do Algarve onde se começava a assistir a um esfregar de mãos porque tudo apontava que esse seria o palco do tira-teimas final.

Só que Ogier já não teria a pequena desvantagem de “limpar” o troço –e dizemos pequena porque Loeb vinha logo a seguir… – pelo que a lógica ditava que Loeb não ganharia tanto como nas primeiras passagens. Ainda assim, imperava a adrenalina e a expectativa.

Loeb prometia ser feliz nos primeiros compassos de Felizes 2 mas Ogier, alertado pelos parciais que recebia no seu carro forçou o andamento na segunda metade do troço e limitou as perdas. No final eram apenas 6 as décimas recuperadas por Loeb que na sua tentativa de ataque destruiu os pneus, embora tivesse mais dois para substituir. Ogier ainda contou que tinha tido um pequeno problema de motor no arranque que fez que o carro se engasgasse…

Eram agora 9,5 os segundos a separar os dois franceses da Citroen. Com Quesnel a dizer “le mieux va gagner” e “on fait le show” os dois C4 lançaram-se ao ataque de Loulé 2. No início soaram as campainhas de alarme na assitência de Ogier. O piloto estava a ser mais lento que os seus próprios parciais da primeira passagem e Loeb estava a ganhar terreno. Mais uma vez a meio do troço a diferença estabiliza e os dois franceses fazem uma série de parciais sempre com o mesmo tempo relativo. No final, Loeb só ganha 1,8 segundos, a margem que tinha conseguido nos primeiros quilómetros da classificativa. Ogier esperava junto ao stop pela chegada de Loeb e, confiante no que tinha feito, advertia: “Se ele quer ganhar, vai ter que voar!” Como já se disse, Loeb até ganhou o troço mas os 7.7 segundos seriam irrecuperáveis na Super Especial final a não ser que Ogier errasse fortemente. Conformado com a derrota, Loeb comentava que “ele [Ogier] é muito forte nas segundas passagens… Tentei tudo mas não deu. Encontrei um novo rival…”

Restava a festa do Estádio do Algarve onde Ogier foi consagrado vencedor do Rally de Portugal. Não sem antes, em jeito de confirmação, ter voltado a bater Loeb na manga que opôs os dois principais protagonistas do fim-de-semana.

Mas a competitividade da prova portuguesa não se resumiu à vitória. O terceiro lugar do pódio foi fortemente cobiçado por Sordo, P. Solberg e Hirvonen. Exclua-se desde já Hirvonen que não conseguiu ter andamento para os Citroen e centremo-nos em Sordo e Solberg. No início do dia o norueguês tinha 13,5 segundos de vantagem sobre o espanhol, vantagem que seria fortemente cortada logo no troço inicial, muito por culpa da direcção solta no c4 amarelo. Solberg ficou com apenas 2,2 segundos de margem para gerir, se é que é possível executar exercícios de gestão com diferenças tão pequenas. Em Loulé 1 os problemas de Solberg continuam e Sordo aproveita para passar para terceiro. Em Felizes 2 Solber erra ligeiramente e Sordo ganha tempo, passando a dispor de 5,4 segundos de vantagem. Em Loulé 2 Solberg ganha 8 décimas o que será insuficiente para lutar pelo pódio na super especial mas afasta-se de Hirvonen que se queixa de ter destruído os pneus outra vez dando a entender que os Ford não são nada meigos com a borracha…

Estava-se perante um cenário de 1-2-3-4 para a Citroen, coisa que, não sendo inédita, já não se verificava desde o Safari de 1993… Só que, no Estádio do Algarve, Solberg decidiu “borrar a pintura” numa saída estranha televisionada para todo o mundo (pelo menos pela net)… Carro parado, dificuldades em retomar o andamento e um tempo de 2:24,6 contra os 2:12,5 de Hirvonen. Gorou-se o poker da Citroen no rali por 3,7 segundos…

Mais atrás destaque para a desistência de H. Solberg (os irmãos tiveram um dia não…) e as boas imagens proporcionadas por Ostberg num Impreza WRC de 2008 que nunca foi competitivo. Talvez por isso Wilson tenha conseguido ficar à sua frente na classificação geral. Villagra voltou a vencer à geral a Super Especial (não é à toa que se trazem tantos argentinos para os estádios portugueses) e classificou-se em 8º, Al Qassimi foi nono e o quase “mudo” Raikkonen lá conseguiu angariar o pontinho da ordem…

(Francisco Veloso/Fórmula Rali)


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