domingo, 4 de abril de 2010

Entrevista


Entrevista Noticias de Albufeira (NA), conduzida por José Gonçalves (Zegonzo) e publicada no NA, nº 261 (1 de Maio 2010).


RICARDO TEODÓSIO À CONVERSA ...

Finalmente a conversa que tinha-mos prometido com o piloto da Guia.


Ricardo, em termos de carreira a vários níveis, e nomeadamente com a sua passagem pelos ralis nos últimos anos, o seu nome dispensa apresentações, seja a nível nacional ou regional.

Por isso vamos começar pelo início de uma experiência que já dura há 20 anos…

Noticias de Albufeira - Com que idade é que começaste a correr?

Ricardo Teodósio – Comecei com 14 anos nos Karts juntamente com o meu irmão Vítor. Depois de me ter sagrado campeão no ano de 1992 com umas experiências frustrantes com o automobilismo para o meu irmão, os irmãos separaram-se em distintas matérias. O meu irmão seguiu a paixão do futebol tendo jogado inclusive no Farense, mas infelizmente, após uma série de lesões, abandonou a modalidade, mas juro-vos que enquanto ao volante era tão ou mais rápido do que eu. Eu entretanto tinha decidido fazer rodagem no estrangeiro e fui correr na Fórmula OPEL Itália.

N ADepois dessa passagem por Itália o que é que seguiu?

R T – Fiz várias corridas por esse mundo fora, América, Argentina, Hong-

-Kong e em 1994 corri no mundial de F3 onde, entre 212 pilotos, faço o 8º tempo da geral o que é de assinalar.

N A – Depois dum tempo dedicado aos monolugares como é que se dá a passagem aos rallyes?

R T – Tudo começou um pouco por causa do meu irmão, que entretanto se tinha ligado ao TT e começou a meter-me o “bicho” de correr fora de pistas asfaltadas e começar a pisar troços de terra. Além disso os meus pais foram grandes mentores da minha vocação uma vez que partilhavam o mesmo entusiasmo que eu pelo desporto automóvel. Infelizmente o meu pai faleceu mas a minha mãe permaneceu firme e continuámos aquilo que sabíamos que ele iria gostar de ver.

Mas havia algo no todo-o-terreno que não me fascinava assim tanto. Tinha que se fazer sempre uma gestão de andamento/resistência do material, a poeira dos outros que vão à tu frente e não te deixa passar que não nos permitia andar a fundo como eu gostaria de poder fazer. Enfim não era de todo aquilo a que eu estava habituado a fazer (andar o mais possível a fundo) e aquilo que me era permitido no TT. Desisti!

Como no ano seguinte, ou seja em 1995, começou em Portugal a nova “Fórmula Ford by Novis” decidi aderir. Não foi um ano muito famoso pois o carro nuca esteve nas melhores condições.

Ainda em 2000 fiz, conjuntamente com o meu irmão o Nacional de TT mas definitivamente as coisas não correram muito bem.

Como entretanto se começou em família a falar em ralis veio-me à memória que sempre tinha adorado vê-los acompanhado dos meus pais e que sobretudo, aquilo sim, era a minha forma de guiar um carro ou seja “sempre de lado”. Vai a direito quando é mais rápido mas tem que fazer o que eu quero!

È aí que é decidido fazer o campeonato de 2001.

As coisas foram evoluindo, sem evitar bem entendido, alguns percalços pelo caminho e em 2003 e 2004 fui vice-campeão nacional e em 2005 fiquei em 3º. Isto já com uma equipa formada “em casa” mas que primava pelo rigor e pela apresentação.

N A – A seguir vem a fase do aluguer de automóveis a preparadores internacionais …

R T – Sim a seguir começámos vários contactos que culminaram com o acordo com a equipa ARC Vidal, uma equipa da Galiza, que são extremamente profissionais e que se dedicam de alma e coração à causa.

Sinto-me verdadeiramente em casa a correr com eles e, por outro lado, sinto também que eles gostam de trabalhar comigo (N.d.R. – Foi bem patente o apreço da equipa pelo desempenho do Ricardo, apenas traído por uma causa no mínimo bizarra, ou seja um pneu que descola da jante e que lhe custou um lugar na classificação final no penúltimo troço da prova).

N.A. – Uma pequena curiosidade. Como é que escolhes os teus navegadores?

R T – Depende. Uns por amizade outros porque são conhecidos no meio, tem no entanto todos que se adaptar às minhas notas de maneira a que eu possa explanar todas as minhas potencialidades.

N A – E agora a pergunta inevitável. Qual vai ser o futuro?

R T – O futuro não é nada risonho. Os patrocínios estão cada vez mais difíceis de encontrar, cada vez são mais pequenos, tudo isto num desporto que como se sabe é caro (Na época passada pode-se estimar um custo de cerca de 200 mil Euros por época) e que tem um retorno de certa maneira limitado comparado com outros desportos. De momento tenho até às 6 horas da tarde para confirmar a minha inscrição no “Rali Torrié” que irá iniciar o campeonato, mas as perspectivas não são nada animadoras. Uma coisa é certa: vou continuar a lutar para conseguir fazer algumas provas neste ano.

N A – Ricardo resta-nos agradecer a tua disponibilidade e desejar-te felicidades para o futuro.

R T – Um abraço aos leitores do Notícias de Albufeira!

(N.D.R.) – Esta entrevista foi feita dias antes do “Rali Torrié” e infelizmente as profecias do Ricardo confirmaram-se e não foi possível reunir o budget necessário para a presença na prova.


Sem comentários:

Enviar um comentário